Uso da vacina oral contra a cólera (VOC)
- A OMS recomenda que o uso da VOC deve ser sistematicamente considerada como medida adicional para limitar a disseminação da cólera durante surtos, para contribuir para o seu controlo em crises humanitárias com elevado risco da doença e em zonas endémicas.
- A VOC deve ser usada em combinação com outras estratégias de prevenção e controlo da doença.
- A vacinação não deve substituir a realização de outras intervenções de prioridade elevada de prevenção e controlo.
- As zonas geográficas e populações a serem cobertas pela VOC devem ser claramente identificadas, após a investigação exaustiva da situação epidemiológica Actual e historica bem como as atuais infraestruturas e capacidades locais.
- A vacinação deve abranger o maior número possível de pessoas elegíveis e deve ser efetuada o mais rápido possível.
- O armazenamento Global l de VOC foi criado em 2013 para garantir a distribuição nos países mais necessitados. (http://www.who.int/csr/disease/icg/cholera/en/).
Campanhas de vacinação em massa
As campanhas de vacinação em massa com a VOC podem ser usadas durante surtos da doença, em crises humanitárias com elevado risco de cólera, ou no âmbito do seu controlo em contextos endémicos.
- A vacinação durante surtos de cólera é usada para conter surtos em curso (se implementada precocemente) e para limitar a propagação do surto a novas zonas (a saber, comunidades vizinhas ou transfronteiriças, ou zonas ligadas por sistemas fluviais ou sistemas de água e saneamento).
- As áreas geográficas e as populações a vacinar são determinadas após uma análise aprofundada dos dados epidemiológicos históricos e atuais e dos factores de risco atuais.
- Com base nas evidências atuais em matéria de proteção a curto prazo, pode considerar-se uma estratégia de dose única. Deve considerar-se a administração de uma segunda dose para garantir a proteção a longo prazo, se o risco de cólera persistir.
- A vacinação em crises humanitárias com elevado risco de cólera é usada para prevenir o aparecimento de surtos.
- A decisão de vacinar deve guiar-se por uma investigação detalhada da situação epidemiológica passada e presente, uma avaliação do risco de cólera e do contexto WASH. Esta informação deve ser utilizada para identificar com clareza as zonas geográficas e as populações-alvo.
- Deve proceder-se à planificação da campanha, a fim de garantir que a vacinação tenha lugar antes de qualquer época de cólera conhecida.
- A preparação, incluindo a microplanificacao , instalação da cadeia de frio, logística e mobilização social devem ser efetuadas assim que as vacinas ficam disponíveis na área por vacinar ,para garantir uma alta levada cobertura de vacinação.
- A vacinação em zonas endémicas ou focos é usada para reduzir a transmissão e a incidência da doença. A vacinação preventiva deve ser considerada como uma medida adicional de controlo e implementada em combinação com outras medidas sustentáveis de longo prazo.
- Existem atualmente três VOC pré-qualificadas pela OMS: Dukoral®, Shanchol™ e Euvichol-Plus®.
- Todas elas são vacinas orais, inativadas, celulares que oferecem proteção duradoura superior a 60%, durante pelo menos 2 anos, em populações endémicas, induzem uma resposta imunitária relativamente rápida e detêm um bom perfil de segurança.
- As vacinas Shanchol™ e Euvichol-Plus® são as disponíveis no Armazenamento Global para uso nas campanhas de vacinação em massa.
- Ambas as vacinas Shanchol™ e Euvichol-Plus® são inativadas, modificadas, celulares, bivalentes (O1 e O139). A vacina Shanchol™ e a vacina Euvichol-Plus® têm a mesma formulação e perfis comparáveis, em termos de segurança e imunogenicidade. A vacina Shanchol™ e a vacina Euvichol-Plus® são ambas recomendadas para serem administradas num regime de dose dupla, com um intervalo mínimo de 14 dias entre si. A idade recomendada para a vacinação é igual ou superior a 1 ano.
- Estas VOC são ferramentas eficazes no controlo da doença. Duas doses oferecem proteção durante um mínimo de 3 anos. Uma dose oferece proteção de curto prazo (mínimo de 6 meses), o que tem implicações importantes na gestão dos surtos.
- Várias outras vacinas contra a cólera estão em diferentes fases de desenvolvimento; trata-se principalmente de vacinas vivas atenuadas que têm o potencial para proporcionar uma proteção a longo prazo com uma única dose.
O uso da VOC em mulheres grávidas e lactantes e em pessoas infetadas com o VIH
- Com base na análise de riscos e benefícios, consideram-se benefícios consideráveis e muito poucos riscos na inclusão de mulheres grávidas e lactantes e pessoas infetadas com VIH numa campanha de vacinação.
- Para mais informação, veja GTFCC. OCV and pregnant women. 2016 (http://www. who.int/cholera/task_force/en/).
Monitorização e avaliação das campanhas de VOC
- As VOC foram amplamente usadas em múltiplos contextos a nível Global e provaram ser seguras. Deve ser realizada a vigilância passiva sistemática de efeitos adversos após a vacinação, de acordo com as políticas nacionais.
- A monitorização e avaliação pós vacinação (por exemplo, inquéritos sobre a cobertura, análise custo-eficácia, avaliação do impacto da carga da doença, etc, fornecem informação essencial para a garantia de uma prestação de serviços de qualidade e desenvolvimento de futuras recomendações para o uso da VOC.
Para mais informação
- Vacinas contra a cólera: Documento da posição da OMS, Registo epidemiológico semanal, Organização Mundial da Saúde, Agosto de 2017 Click here
- Armazenamento da vacina oral contra a cólera para resposta a emergência da cólera, Organização Mundial da Saúde, 2013 Click here
- Nota técnica: Evidências dos riscos e benefícios da vacinação de mulheres grávidas com vacinas contra a cólera pré-qualificadas pela OMS durante as campanhas em massa; Global Task Force para o Controlo da Cólera, Novembro de 2016 Click here