- A comunicação com o público durante um surto de cólera é essencial, não apenas para o rápido controlo do surto, mas também para manter o público informado e reduzir o risco de turbulência social, política e económica.
- Comunicação dos riscos é definida como a troca em tempo real de informação, recomendações e opiniões entre os peritos ou os funcionários e as pessoas que enfrentam uma ameaça à sua sobrevivência, saúde e bem-estar económico ou social.
- A finalidade da comunicação dos riscos é garantir que as pessoas em risco de contrair a doença da cólera estejam informadas sobre o modo de reduzir o risco de propagação da doença, como tomar medidas pessoais de proteção e prevenção, e como proceder quando alguém adoece.
- Os agentes de saúde pública devem comunicar rapidamente tudo o que sabem, as suspeitas que têm e o que estão a fazer para controlar o surto.
- As melhores práticas para uma comunicação eficaz dos riscos incluem:
- Estabelecer confiança.
- Reconhecer e comunicar, mesmo não tendo certezas.
- Adotar uma abordagem transparente em todas as comunicações.
- Ser proactivo na comunicação pública, usando uma combinação dos canais de comunicação preferidos das populações afetadas, como a TV, a rádio, os SMS, a internet, as redes sociais, as iniciativas de informação em massa e a mobilização social.
- Compreender os conhecimentos e os comportamentos locais (incluindo as crenças e as barreiras) no que diz respeito à cólera e adaptar as mensagens em conformidade.
- Envolver a comunidade na resposta aos surtos, através dos líderes e influenciadores comunitários.
Clarificar os rumores e as preocupações das comunidades
- As pessoas devem receber informação de confiança e os rumores devem ser tratados mantendo um fluxo de informação muito aberto desde o início do surto; os rumores espalham-se facilmente, quando a informação é incompleta ou não é fornecida atempadamente.
- Definir uma estratégia para divulgar rapidamente informação correta, em vez de ter de responder aos rumores.
- Fornecer informação que seja facilmente compreendida, completa e desprovida de informação incorreta.
- As mensagens-chave dirigidas ao público-alvo devem ajudar as pessoas a reconhecer os sintomas da cólera e o modo como a doença se transmite e fornecer informação correta do que deve ser feito para a prevenção e tratamento, encorajando comportamentos de procura precoce de tratamento.
- A informação deve incluir a definição de cólera, sinais e sintomas ,prevenção da doença , porquê, quando e onde procurar ajuda e como tratar os membros da família que tenham diarreia (ver Apêndice 8 – mensagens-chave para a promoção e educação em saúde).
Envolvimento dos media na resposta aos surtos
- Criar parcerias com os media para contribuir no controlo dos surtos fornecendo:
- informação às pessoas dentro e fora da zona afetada;
- Utilização de linguagem apropriada para o público alvo;
- informação através do uso de canais apropriados (rádio, imprensa, TV);
- o tipo certo de informação, com a frequência certa.
- Durante o surto, designar um único porta-voz que será o ponto focal para os media que irá ajudar a esclarecer dúvidas e fornecer informações claras
- Planear regularmente conferências de imprensa Preparar um conjunto de perguntas frequentes (PF) com as respetivas respostas.
- As autoridades de saúde pública estão geralmente interessadas em usar os media para fornecer informação sobre as medidas de prevenção e controlo através de anúncios dos serviços públicos, enquanto os jornalistas estarão mais interessados em divulgar notícias. É preciso encontrar um equilíbrio entre esses dois interesses através da negociação.
- O tipo de informação a divulgar depende do nível dos media – local, nacional ou internacional.
- O envolvimento comunitário é um processo que inclui as comunidades de risco ou afetadas na resposta ao controlo da cólera através do processo, desde o planeamento e vigilância até à implementação e monitorização. Promove e facilita a apropriação da resposta por parte das comunidades.
- A finalidade do envolvimento comunitário – como estratégia complementar à comunicação dos riscos – é multiplicar o efeito da informação e comunicação acerca das ações preventivas.
- O envolvimento comunitário funciona através de uma aproximação e diálogo interpessoal aprofundado para planear soluções locais que sejam específicas das necessidades de uma comunidade (ou indivíduo ou família). Reconhece os desafios e baseia-se nas oportunidades localmente definidas para que as pessoas consigam ter comportamentos que contribuam para travar a transmissão da cólera.
- Os resultados de um envolvimento comunitário eficaz respeitam, sobretudo, a apropriação da resposta por parte das comunidades e incluem uma confiança e cooperação crescentes com as equipas de resposta, o feedback das comunidades e a adoção de práticas de prevenção.
- As melhores práticas para o envolvimento comunitário incluem:
- identificar e usar pessoas de confiança designadas pelas comunidades como pontos de entrada para que as equipas de resposta possam trabalhar com as comunidades em risco;
- Envolver a comunidade desde o inicio do planeamento e implementação de iniciativas, garantindo que as suas vozes sejam ouvidas desde a conceção.
- formar uma pequena equipa local especial, constituída por líderes comunitários de confiança, membros respeitados da comunidade, membros respeitados do governo, representantes religiosos e membros de grupos de jovens e mulheres, que seja responsável por trabalhar com as equipas de resposta e na implementação da monitorização do plano local;
- facilitar o feedback de rotina e a colaboração entre a comunidade e a equipa de resposta à cólera, para possibilitar a mudança de estratégia, se necessário;
- apoiar e aproveitar os esforços de mobilização de massas das igrejas locais, redes, professores e vendedores para reforçar a confiança das comunidades;
- conectar-se e usar os meios de comunicação social para promover as atividades . toma de envolvimento comunitário e usar as estruturas locais para discutir os conselhos sobre saúde pública promovidos nos media; e
- usar os canais de comunicação locais (como painéis de informação, reuniões, redes sociais) para informar que partes da resposta estão a funcionar, quais as que não funcionam e como melhorar a resposta.
Para mais informação
- Outbreak communication: best practices for communicating with the public during an outbreak: Report of the WHO Expert Consultation on Outbreak Communications held in Singapore, 21-23 September 2004. World Health Organization. 2005 Click here
- Communicating for cholera preparedness and response. UNICEF Cholera Toolkit. 2013 Click here
- Health promotion materials. Centre for Disease Prevention and Control. Click here